"Action may not always bring happiness, but there is no happiness without action."
"Life is too short to be small."
- Benjamim Disraeli, ex-primeiro ministro britânico
Tinha pensado em escrever somente um post sobre o Vietnam, mas a última sexta-feira foi dia de cachorro, no sentido de valer por aproximadamente uma semana da nossa vida normal, então tive que dedicar um post só para ele, porém ATENÇÃO: É completamente proibido mostrar esse post para minha mãe!!!!! Irmãs, amigos e amigas, por favor nunca mostrem isso para a Dona Helecir pois senão perco a mãe antes mesmo de voltar para o Brasil!!!
Acordei as 6am pois tinha agendado uma aula de
culinária vietnamita e o chef iria me buscar as 7h45am para irmos ao mercado
comprar os ingredientes para preparar os pratos! 7h30 eu já estava na recepção do
hotel! So isso para me fazer madrugar mesmo, mas para minha alegria ate 8h25
ninguém tinha chegado ainda. Ai quando ele chegou queria que eu fosse de moto
com ele até o mercado! Comecei a ficar brava pois não era esse o combinado.
Hora errada e de moto? Há limites!!! Parecia que o dia não ia ser bom, mas no
final conseguimos nos comunicar e ele entendeu que eu não iria de moto com ele
e íamos pegar um taxi como o combinado. Parece um pouco demais, mas vocês não
podem imaginar o trânsito de Saigon. Ainda não chegue na Índia onde
provavelmente minha opinião mudará, mas até agora é o pior transito que já
vi. Vou deixar as imagens falarem por mim, mas vou dizer somente duas coisas
para complementar:
1. Minha primeira lição no Vietnam foi:
"Quando atravessar a rua não tente desviar das motos e carros, eles desviarão de você! Assim, contrário de tudo que minha mãe me ensinou... Aprendi
a atravessar sem olhar. Isso mesmo, sem olhar, pois se olhar não da coragem de
continuar!
2. A cada avenida de 3 faixas, uma é para os
carros e 2 para as motos (como da pra ver ne?). Nunca mais reclamarei dos
motoboys em São Paulo! E nota, enquanto eu atravessava passou uma moto bem na minha frente, dá pra ver???
Bom, fomos para o Mercado comprar os
ingredientes para a aula. Impossível de descrever! Imaginem uma 25 de março
dentro de um prédio com absolutamente tudo junto: Seda, mala, capacete (é um
mercado gigantesco considerando o tanto de moto na cidade! Barracas e mais
barracas com os mais variados tipos e tamanhos de capacete. Sem contar as máscaras de
proteção que a mulherada usa por causa da pele e da poluição! Indescritível!),
peixe, fruta, verdura, carne, miudos, etc, etc, etc! Vi frutas e verduras que nunca
tinha visto na vida e saí de lá sabendo um pouco mais sobre o país!
Fomos para a escola de culinária e aprendi a
fazer alguns pratos realmente deliciosos. O prato mais famoso aqui é uma sopa
com noodles de arroz, brodo de carne e pedaços de carne e vegetais que se
condimenta na mesa com algumas ervas e chilli. Eles tomam isso em pleno inverno
de 32oC!!! A culinária Vietnamita é bastante interessante e rica, cheia de
sabores, ingredientes e muita coisa agridoce: Molhos, temperos, preparações! A
aula foi ótima e aprendi muita coisa! Esperem para ver!
Fiz minha primeira amiga na cidade! Uma
vietnamita de mais ou menos 1,40m, 28 anos, um inglês perfeito e a mais pura
simpatia. Ela era a “historiadora” da escola de culinária e me explicou a
origem dos pratos e dos utensílios. Trocamos telefones e emails e combinamos de
sair juntas quando eu voltar para Ho Chi Minh (mais conhecida como Saigon para
nós) na quarta-feira, pois no sábado vim para Nha Trang, um paraíso tropical a uma hora
de voo de Saigon.
Bom, saindo da aula de culinária, ofereci uma
carona de taxi para o Chef, que era um rapaz raquítico de Há Noi, a capital do
Vietnam, que veio para Saigon tentar a vida e até então estava se dando bem
pois ele trabalha a noite no maior hotel da Cidade (Hotel Continental). Ele
precisava ir até meu hotel pois fiz ele deixar a moto lá e ir de taxi comigo
até a escola. Eu precisava comprar uma mala pois a minha quebrou na vinda para
cá e ele me indicou onde comprar uma nova e para retribuir o favor, me ofereceu
uma carona na sua moto! A princípio pensei que não iria nem morta, estava morrendo de medo, mas pensei: “Quando vou poder
andar de carona em uma moto em Saigon novamente? Acho que talvez nunca mais!!”
Então lá fui eu, com meu novo amiguinho raquítico (que se passasse um ônibus
muito perto derrubava ele pelo vento), no meio do caos da cidade... e entre
buzinas, xingamentos e desviadas magistrais chegamos ao Shopping onde ele me
deixou e foi pro seu segundo trabalho! Incrível como o Caos funciona!
Bom, dei uma rodada pela cidade, comprei minha
mala e deixei no hotel, então fui para uma loja do lado do correio comprar um
colar de pérolas MARAVILHOSO que eu tinha visto no dia anterior e depois de
pensar muito decidi comprar pois era barato demais. Aliás, isso é uma das
coisas maravilhosas do Vietnam, é incrível como se gasta pouco com absolutamente
tudo. Hotel, comida, compras, é tudo super mega barato, incluindo as pérolas!
Saindo de lá dei mais uma passeada, mas não estava mais conseguindo caminhar...
Agora, o motivo era realmente inesperado! Minha perna boa, estava péssima!!!
Acho que ela cansou de aguentar a bronca sozinha e deu um basta! Estava
sentindo uma dorzinha no tornozelo (só para fazer ciúmes para a outra perna) a
uns 3 dias, e estava difícil de caminhar com tênis pois pegava bem em cima da
dor, porém desde que subi 30oC na temperatura, não usei mais o tênis porém a
perna estava enorme, super, super inchada desde que cheguei depois de quase 24
horas de processo de viagem entre voos e esperas.
Imagina uma manca das duas pernas???? Ninguém
merece! Então resolvi tentar achar uma meia de compressão (aquelas de vó sabe?), pois algumas coisas
nunca mudam e eu perdi um pé da minha durante a viagem, só estava
usando na perna que historicamente já sabemos que não estava 100%. Andei,
andei, andei e nada! Impossível de explicar o que eu queria e de achar sozinha!
Então me rendi a central de informação da loja de departamentos que eu estava e
expliquei para a moça o meu problema. Quando ela viu minha perna, ela pediu
para alguém ficar no lugar dela, me pegou pelo braço e começou a andar! Fiquei
meio tensa e disse: Onde vamos? E ela respondeu: “Para o hospital!”
Desacreditei! A moça parou tudo e foi me levar no hospital! Não sabia o que
fazer, pois não achei que era caso para isso, então tentei convencê-la que não
precisava, que era só ela me dar o endereço que eu ia depois, que eu só queria
comprar a meia e então ela respondeu: “Faltam 10 dias para o Natal e eu não
posso deixar você sem ajuda em um país que não é o seu!” Depois dessa, me rendi
e fui para o hospital... Não custava dar uma olhada né?
Parece que foi a salvação! Chegando lá já me
surpreendi positivamente. Um hospital super equipado e moderno, para
atendimento de locais e estrangeiros. Todos falavam inglês, alias isso foi algo
que me surpreendeu aqui pois apesar de tudo que eles passaram com a guerra, a maioria
das pessoas fala inglês e praticamente todos os lugares apresentam preços em
dólares. Bom, fui atendida pelo chefe da emergência que estava no saguão quando
eu cheguei. Expliquei para ele que estava viajando que tinha feito uma
cirurgia, bla, bla, bla... E então ele me disse: “Você está viajando o mundo
por quê? O Brasil não é grande suficiente para você?” Então eu respondi:
“Talvez não, pelo menos não neste momento!” Ele era israelense e vive na Asia a
mais de 20 anos, me disse que conhece todo o lixo do mundo e não se adapta mais
em um país desenvolvido, com regras muito restritas. Contei que conhecia Israel e e ele
adorou saber e depois começamos a conversar sobre a GE, as maquinas que ele
tinha lá, o sistema de armazenamento de imagens que ele quer trocar... tudo isso enquanto
ele examinava minha perna... Parecia que estava tudo tranquilo, quando então
ele me disse: “Filha, você está com todos os sintomas de trombose e se tiver
alguma veia bloqueada aqui, você não vai viajar para lugar nenhum até que
tenhamos certeza que você está bem.”
Dois segundos de silêncio que se tornaram
infinitos... porém pude observar como em situações de stress minha mente
bloqueia o pânico! O que pensei foi: Bom, se não posso viajar, vou ficar aqui
até poder. Vou perder algum dinheiro com passagens e reservas, mas paciência.
Sei na pele, por causa do meu pai, o quanto isso é sério e não posso arriscar. Morei algum tempo na Itália
por vontade e agora vou morar algum tempo no Vietnam por necessidade! Ok!
Ao mesmo tempo pensei: Trombose? Eu? Como
assim? Então ele perguntou do histórico familiar e disse que isso não tem idade
e que pode acontecer com qualquer um, especialmente com um histórico familiar
como o meu. Lá fui eu fazer ultrassom, Doppler, exame de sangue e tudo mais que
tinha direito. Para a minha surpresa e alegria o processo todo levou somente
algumas horas e o resultado foi melhor que o proferido! Trombose: NÃO! Mega
problema circulatório: SIM! Devido às circunstâncias, onde já me imaginei com
minha própria moto, mascara e capacete e uns 3 filhinhos mestiços pois não
poderia mais viajar de avião e ia ter que fazer minha vida por aqui mesmo,
achei que o resultado foi ótimo.
Finalmente achei a meia, eles tinham no
hospital, porém custou mais caro que o meu colar de pérolas! Agora estou de meia de alta compressão
em um calor de 32oC e tomando remédio para afinar o sangue e poder seguir
viagem! Maravilha!!!
Bom, tinha uma reserva em um dos melhores
restaurantes da cidade que ficava na esquina do meu hotel. Pensei: Acho que é
hora de comemorar! Então lá fui eu para o Ly Club, um lugar lindo, com um
terraço enorme e um espelho d’água divino. O staff super gentil e atencioso e a
comida soberba! Comi uma salada de broto de manga com chilli, Charlotte, ervas
e bacalhau selado em um molho agridoce incrível. E o melhor de tudo! Aprendi a
fazer essa salada na aula de culinária da manhã! Sem dúvida o meu prato
preferido até agora! Depois comi um caranguejo com molho de tamarindo e cebola
empanada com espinafre com molho de soja e alho! Não tenho explicação, foi
minha melhor refeição até agora na viagem! A comida era maravilhosa, o lugar
lindo e a alegria de poder continuar viajando era incontrolável!
Foi minha despedida do mundo carnívoro (pelo
menos por enquanto) pois o meu Fisioterapista, Italiano, Vegano já tinha me detto
a muito tempo que o meu problema do pé que nunca sarava era circulatório e para
melhorar tenho que parar de comer carne entre outras coisas. Durante esse
último mês que passei na Italia, comi carne somente 2 vezes e realmente me
senti muito melhor. Coincidência ou não, as circunstâncias atuais me fazem querer
pelo menos tentar! Ir para a Italia para se tornar vegana só acontece comigo
mesmo né?
No final o que importa é que o saldo saiu
positivo. A conta do hospital + a meia de ouro ficaram um pouquinho mais
baratos que o colar de pérolas + o jantar! Resultado: a diversão prevaleceu!!!!
Fica aqui a dica do Ly Club que realmente
merece uma visita estando em Saigon! Aliás, Saigon merece uma visita!!!
Agora
vou nessa pois demorei tanto para publicar que já mudei de cidade (sem pé inchado)! Estou em Nha Trang, uma praia maravilhosa... me esperando! Boa noite... ou Bom dia!
Ly Club
143 Nam Ky Khoi Nghia. District 3
Ho Chi Minh City (Saigon), Vietnam
+84.8.3930.5588