Aeroporto!
Hora de partir… O último mês foi um período de Rehab e Detox! Depois de dois
meses comendo tudo e mais um pouco no curso de culinária, decididamente
precisava de um Detox e então entrei também em um Rehab físico, mental,
emocional...
O Rehab se
deu por muitos motivos... O meu pé ainda é um problema. Já faz 6 meses que
operei da última vez e tenho feito fisioterapia todo dia aqui em Firenze mas
ele ainda me dá muito trabalho. Não posso negar que já melhorei muito, mas apesar
de já conseguir caminhar melhor a dor ainda me acompanha diariamente. Outras
dores também vieram pois como já disse
em um post anterior não é só de alegrias que se vive um sabático. Coisas
difíceis acontecem e temos que lidar com elas... Pra completar não consegui
trabalhar em um restaurante pois o meu “Permesso de Sogiorno” (autorização para
ficar no país, primeiro passo antes da cidadania) não saiu ainda e então em
tempos de crise europeia ninguém iria me dar um “emprego” e arriscar ser pego
pela fiscalização depois, pagar multa e ter o restaurante fechado. Sem contar os
riscos para mim e o meu processo de cidadania, assim, tentando me manter fora
de confusão (pelo menos nesta área) achei melhor não insistir e aceitar que não
daria certo. Paciência!
Ainda assim
decidi ficar mais um mês na minha cidade, Firenze, no meu detox e rehab... pensando
na vida, planejando os próximos passos, tentando me curar das minhas dores. Praticamente
umas férias das minhas férias! Consegui alugar um apartamento bem aconchegante,
em frente ao Duomo com tudo que precisava! Elevador, forno e a dois passos do Mercato
Centrale onde pude com frequência comprar os melhores ingredientes da cidade para
cozinhar. Foi o mês das receitas novas. Só de pão não sei dizer quantas receitas
testei. Meus visinhos e amigos na cidade se deram muito bem pois eu
sozinha não dava conta de tanta coisa... Teve um dia que um visinho bateu na
minha porta perguntando se eu não tinha assado nada naquele dia!
A princípio pensei em ficar até o final do ano
lá, mas percebi que não fazia muito sentido. Tudo que eu tinha que fazer na
Itália já tinha feito e tinha chegado a hora de partir para novos destinos,
conhecer novas pessoas, viver coisas diferentes. Estava me sentindo
excessivamente em casa, já até acostumada com o clima, achando 3oC uma temperatura
razoável!
NOTA: Enquanto
escrevo esse post já mudei de aeroporto... Comecei no aeroporto de Firenze e
agora estou no aeroporto de Frankfurt esperando meu próximo vôo que vai para
Bankok.... mas ainda não é esse o meu destino final! ;-)
Comecei então
a pensar para onde ir e isso me fez voltar a um pensamento que tenho a muito
tempo... A ignorância é amiga da felicidade! Essa foi uma máxima que eu criei e
passei a considerar verdade. Sempre achei que se não sabemos as opções que
temos é muito mais fácil viver e consequentemente muito mais fácil ser mais
feliz com a sua realidade atual, porém me ver na sala da minha casa em Firenze,
com o mapa mundi na mão pensando para onde eu vou agora e sabendo que chegar até aqui foi possível e que qualquer lugar daqui pra frente também seria possível
(com raras exceções) me fez rever minha própria máxima.
Após
analisar muito, conclui que ter opção é bom!!!! Na verdade ter opção é ótimo e
a escolha que você faz sabendo que tem um mundo de opções e um mundo de
realidades possíveis para você é realmente um presente. Pensei ainda em uma
outra coisa: Felicidade de verdade é saber todas as opções que você tem e
escolher a que mais te agrada; ou ainda continuar na realidade que você já
estava e decidiu ficar, mas por saber que aquela é a melhor realidade para você
e não porque você não tem coragem de mudar ou acha que não há outra opção para você. Pode parecer meio confuso, mas
pra mim foi muito revelador e passei a ficar mais confortável com a minha falta
de ignorância (pelo menos no que diz respeito as minhas opções). Suas opções
contam a sua história, definem os seus caminhos e isso não pode ser ruim... A menos que você esteja escolhendo as opções erradas! :-)
Então
avaliei o meu mar de opções considerando variáveis tangíveis tais como: Quanto
dinheiro ainda tenho, quanto posso gastar, qual a melhor rota até o destino
final, qual o clima de cada local, etc, etc, etc... mas no final tomei minha
decisão predominantemente pelas variáveis intangíveis: Onde eu queria estar e
quando eu queria estar.
Algumas
opurtunidades são únicas e se perdermos aquela chance talvez não tenhamos outra
igual na vida e eu acho que estou exatamente neste tipo de situação. Me
planejei muito para tirar esse período pra mim, e tive muita sorte de contar com o
apoio de muita gente. Não sei se terei a sorte te ter uma nova oportunidade
como essa no futuro e ainda que tenha, não sei se uma viagem pelo mundo será
minha escolha da próxima vez, então, sem descartar as coisas práticas da vida, decidi
escolher pelas minhas motivações emocionais e agora aqui estou eu, fazendo a
pior rota possível em termos práticos. Saindo da Italia, indo para o Vietnam,
depois para a Australia passar as festas e então para a India. Faltei na aula
de Geografia com louvor!!! Ainda tentarei encaixar Indonesia e Tailândia, mas
não sei se será possível, porém para agora é isso que temos: Vietnam, Australia
e India. Sozinha, sem conhecer ninguém, me planejando para o pior e esperando pelo
melhor!
Como
sempre!
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